Habilidades verdes em RH: impactos do LinkedIn 2025

A transição global para uma economia mais sustentável está transformando produtos, processos e modelos de negócios. De modo igualmente decisivo, também redefine o conjunto de competências valorizadas pelo mercado.

O relatório 2025 do LinkedIn sobre habilidades verdes (“green skills”) evidencia um crescimento acelerado da demanda por profissionais preparados para atuar em agendas ambientais, energéticas e de sustentabilidade corporativa.
Contudo, a oferta de talentos qualificados não acompanha esse ritmo, o que amplia a lacuna global.

Para áreas de Recursos Humanos, gestão de pessoas e planejamento de carreira, essa mudança não representa apenas mais uma tendência de ESG, mas um novo parâmetro competitivo que impacta estruturas de cargos, políticas salariais e práticas culturais.

Demanda cresce mais rápido que oferta

Segundo o relatório, a contratação de profissionais com competências verdes cresceu 7,7% entre 2024 e 2025, enquanto a oferta de trabalhadores com esse repertório avançou apenas 4,3%. Essa diferença revela um descompasso estrutural que pressiona o recrutamento, amplia disputas por talentos e exige revisões profundas nos modelos de desenvolvimento corporativo.

Além disso, a lacuna tende a se intensificar, uma vez que metas de carbono, compromissos ESG e requisitos regulatórios evoluem mais rápido do que a formação e qualificação da força de trabalho.

Profissionais com habilidades verdes têm maior empregabilidade

De acordo com o estudo, candidatos que possuem competências verdes apresentam probabilidade significativamente maior de serem contratados. Em análises anteriores, o LinkedIn registrou aumento de até 54,6% na chance de contratação para perfis com essas habilidades.

Consequentemente, essas competências deixam de ser diferenciais opcionais. Elas passam a integrar o núcleo crítico da empregabilidade contemporânea.

Setores que lideram a demanda:

Além disso, habilidades como compras sustentáveis, gestão de carbono, análise de ciclo de vida e economia circular se destacam pelo ritmo de crescimento.

Esse movimento mostra que a transformação não está restrita a indústrias ambientais. Ela se espalha por toda a economia, inclusive áreas administrativas, comerciais e de suprimentos.

Implicações para o Brasil

Mesmo que o relatório global não detalhe dados nacionalizados em profundidade, análises anteriores já apontavam que, no Brasil, a oferta de vagas que exigiam habilidades verdes cresceu 17,41% em 2022.

Portanto, o país acompanha a tendência internacional e demonstra maturidade crescente na incorporação de competências sustentáveis na força de trabalho.
Assim, organizações brasileiras precisam tratar o tema como prioridade imediata, e não como um projeto futuro.

Impactos das green skills para RH, cargos, salários e carreiras

Áreas de Recursos Humanos, carreiras e estruturas de cargos e salários precisam adaptar suas práticas. A incorporação de habilidades verdes não representa apenas uma atualização técnica.
Ela implica uma reconfiguração de responsabilidades, níveis de especialização e critérios de remuneração.

À medida que novas funções surgem e outras se transformam, torna-se necessário revisar descrições de cargos, ajustar faixas salariais conforme a escassez de talentos e criar trilhas de crescimento específicas para perfis especializados em sustentabilidade.

Desenvolvimento de carreira na era das competências verdes

O desenvolvimento de carreira passa a depender da inclusão de temas como economia circular, análise de ciclo de vida, eficiência energética e compras sustentáveis nos programas de formação técnica e de liderança.

A preparação de sucessores para posições críticas em sustentabilidade torna-se essencial. Depender apenas de contratação externa não será suficiente para suprir a lacuna crescente de talentos.

Assim, programas de capacitação contínua, micro certificações e iniciativas de lifelong learning assumem papel estratégico na formação interna de profissionais capazes de lidar com as exigências da transição sustentável.

Cultura organizacional como pilar da agenda verde

Outro elemento decisivo é a cultura organizacional. Competências verdes envolvem não apenas conhecimentos técnicos, mas também comportamento, valores e visão de futuro.

Por isso, a sustentabilidade precisa ser incorporada aos processos de recrutamento, avaliação de desempenho, promoção e reconhecimento. O discurso da liderança precisa se alinhar a práticas concretas relacionadas ao impacto ambiental e à responsabilidade socioeconômica.

Monitorar indicadores relacionados à força de trabalho, como número de cargos verdes preenchidos ou porcentagem de profissionais com formação em habilidades verdes, também ajuda a orientar decisões estratégicas.

Caminhos para avançar: diagnóstico, revisão e capacitação

Para avançar de maneira consistente, organizações precisam realizar diagnósticos de maturidade que identifiquem quais cargos exigem competências verdes, onde estão as lacunas internas e como ajustar políticas de desenvolvimento e remuneração.

Revisões no plano de cargos e salários, atualização das descrições de funções, definição de critérios de senioridade e criação de trilhas específicas são passos essenciais.

Em paralelo, trilhas de capacitação estruturadas, micro credenciais e integração das habilidades verdes aos critérios de avaliação e sucessão fortalecem a preparação das equipes para o futuro.

Portanto

O relatório do LinkedIn evidencia que as habilidades verdes deixaram de ser tendência e se tornaram critério de competitividade e empregabilidade. Ignorar essa mudança significa enfrentar riscos como escassez de profissionais, atrasos em metas de sustentabilidade e desalinhamento entre estratégia de negócio e estratégia de RH.

Por outro lado, ao incorporar competências verdes ao desenho de cargos, à remuneração, ao desenvolvimento e à cultura, as organizações se posicionam de forma mais sólida para acompanhar e, em muitos casos, liderar a transição sustentável que já está em curso.

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