A gamificação no RH deixou de ser uma curiosidade e se tornou uma estratégia poderosa. Minecraft, Roblox e outros videogames já fazem parte de processos de recrutamento, treinamento e desenvolvimento de pessoas.
Num cenário em que o universo dos games supera cinema e música juntos, com projeção de ultrapassar US$ 282 bilhões até 2030, ignorar esse movimento significa se distanciar da linguagem das novas gerações.
A geração Z, cada vez mais presente no mercado, já cresce imersa nesse ecossistema digital.
Por isso, a gamificação no RH surge como uma ponte entre empresas e talentos, tornando a experiência mais leve, prática e engajadora.
Roblox e Ikea: um case de gamificação no RH que virou referência
Um dos cases mais emblemáticos de gamificação no RH veio da Ikea. Antes mesmo de abrir algumas lojas físicas, a marca criou uma réplica da Ikea dentro do Roblox, permitindo que candidatos vivenciassem o trabalho virtualmente.
Como a Ikea aplicou a gamificação no RH?
No caso da Ikea, a gamificação no RH ganhou contornos inovadores ao levar o processo de recrutamento para dentro do Roblox. A empresa sueca criou uma loja virtual que simulava o ambiente de trabalho real, permitindo que os candidatos vivenciassem tarefas cotidianas antes mesmo de se inscreverem oficialmente.
Nessa dinâmica, os participantes podiam atuar no espaço virtual como se fossem colaboradores e, se selecionados, ainda recebiam remuneração em dinheiro real.
A proposta encantou especialmente a geração Z, que encontrou na experiência um formato dinâmico e natural de interação com a marca.
Os resultados foram impressionantes: mais de 178 mil candidaturas disputaram apenas dez vagas, enquanto as buscas por emprego em lojas físicas da Ikea aumentaram 50% durante a campanha. Além disso, uma pesquisa interna revelou que 85% dos participantes passaram a enxergar a empresa como um excelente lugar para trabalhar.
Esse exemplo reforça que a gamificação no RH vai muito além de criar jogos corporativos, ela pode utilizar plataformas já populares para ampliar o alcance, fortalecer o employer branding e avaliar comportamentos de forma autêntica.
Videogames como ferramentas de desenvolvimento: Minecraft, Roblox e além
A gamificação no RH também se estende aos treinamentos e ao desenvolvimento de competências.
Diversas empresas têm utilizado videogames comerciais como instrumentos de avaliação comportamental, liderança e aprendizagem.
Um dos casos mais conhecidos é o da Microsoft, que passou a aplicar uma versão educacional do Minecraft em dinâmicas para candidatos neurodivergentes. No ambiente colaborativo do jogo, a empresa observa habilidades como comunicação, resolução de problemas, negociação e capacidade de adaptação em cenários desafiadores. Como o Minecraft é um mundo aberto, comportamentos espontâneos emergem com naturalidade, permitindo uma análise mais precisa das soft skills.
Especialistas em gamificação no RH apontam que cada jogo estimula competências diferentes. Títulos como Among Us favorecem a colaboração e a leitura de contexto; Tetris, Braid e World of Goo desenvolvem raciocínio lógico e pensamento estratégico; The Sims e Civilization trabalham visão sistêmica e gestão de recursos; Overcooked estimula colaboração sob pressão; Minecraft incentiva criatividade e solução de problemas; e Roblox fortalece lógica, visão sistêmica e capacidade de criar experiências.
Assim, jogos populares deixam de ser apenas entretenimento e tornam-se ferramentas práticas para a aprendizagem corporativa.
Gamificação no RH: conceito e por que ainda há resistência
Embora os resultados sejam expressivos, ainda existe resistência à gamificação no RH.
Parte desse ceticismo vem do fato de que quem não joga tende a considerar o universo dos games como algo distante da realidade corporativa. No entanto, a gamificação é simplesmente a adoção de elementos de jogos em atividades tradicionais, como treinamentos, processos seletivos, trilhas de aprendizagem e programas de incentivo.
Ela incorpora regras claras, feedback imediato, desafios progressivos, recompensas e senso de progresso. Por isso, não transforma o trabalho em brincadeira, mas torna as atividades mais engajadoras e eficazes.
Benefícios comprovados da gamificação no RH
Vários estudos reforçam os impactos positivos da gamificação no RH.
Uma pesquisa de 2024 publicada no Journal of Innovation & Knowledge mostrou que mecanismos como pontos, medalhas e emblemas aumentam a retenção de conteúdo e melhoram o desempenho dos participantes.
Outro estudo da UFRGS apontou que 80% dos funcionários se sentem mais motivados quando suas atividades incluem algum nível de gamificação. Além disso, uma revisão científica no repositório PubMed Central identificou ganhos significativos em produtividade, engajamento e participação ativa.
Em síntese, gamificar processos de RH é uma estratégia comprovada para ampliar motivação e qualidade do aprendizado.
Usar jogos prontos ou criar um game do zero?
Essa é uma dúvida frequente entre profissionais de RH. A utilização de jogos comerciais, como Minecraft, Roblox e Overcooked, costuma oferecer vantagens decisivas: menor custo, implementação rápida, ferramentas já testadas para engajamento e familiaridade imediata com o público jovem.
Porém, esse caminho exige cuidados.
Há risco de excluir pessoas que não dominam mecânicas de jogo, ou até de avaliar mais o domínio do game do que a competência desejada. Também é necessário verificar se o jogo é compatível com os valores da empresa.
A regra essencial permanece a mesma: o foco deve estar na competência que se deseja desenvolver, não no jogo em si.
A gamificação no RH serve para qualquer empresa?
Sim, desde que a organização tenha um mínimo de maturidade em educação corporativa e disposição para experimentar novas abordagens.
A gamificação no RH pode ser aplicada em treinamentos de integração, programas de liderança, trilhas digitais de aprendizagem, processos de onboarding, ações de reciclagem e campanhas internas de cultura, diversidade ou segurança.
Para empresas mais tradicionais, ela pode ser justamente o primeiro passo para destravar inovação e colaboração.
Começar simples: gamificação não precisa parecer videogame
É importante compreender que a gamificação no RH não exige obrigatoriamente o uso de jogos complexos. Muitas vezes, soluções simples entregam alto engajamento. Quizzes com ranking e feedback imediato, missões coletivas com metas definidas, desafios semanais ou escape rooms físicos e digitais são exemplos de formatos eficientes.
O objetivo central permanece o mesmo: transformar processos longos e repetitivos em experiências envolventes e significativas, sem perder profundidade.
Passo a passo para implementar gamificação no RH com Minecraft, Roblox e outros jogos
Para iniciar uma estratégia de gamificação no RH com videogames comerciais, algumas etapas são essenciais.
O primeiro passo é definir claramente qual competência será trabalhada, colaboração, liderança, visão sistêmica ou solução de problemas, por exemplo. Depois, é necessário escolher o jogo mais adequado ao objetivo, como Overcooked para colaboração sob pressão, Civilization ou The Sims para visão estratégica, Minecraft e Roblox para criatividade ou Among Us para análise comportamental.
Em seguida, o RH deve transformar o jogo em uma dinâmica estruturada, com critérios definidos de observação, métricas claras e conexão com o desempenho profissional. Facilitar essa experiência exige que gestores e facilitadores entendam o contexto do jogo, garantindo que a vivência não se torne apenas um momento divertido sem propósito.
Também é importante cuidar da inclusão, oferecendo instruções acessíveis e alternativas para quem tem pouca familiaridade com games. Por fim, medir impacto e comparar resultados com métodos tradicionais ajuda a validar o projeto e impulsionar novas iniciativas.
E agora: vai apertar o “Start” na gamificação do seu RH?
A gamificação no RH, apoiada em jogos como Minecraft, Roblox e outros títulos comerciais, já redefine a forma como empresas atraem talentos, desenvolvem equipes e promovem aprendizado. Em ambientes gamificados, colaboradores revelam comportamentos, valores e reações à complexidade de maneira espontânea, algo difícil de observar em treinamentos convencionais.
Se o seu RH busca mais engajamento, eficiência e conexão com as novas gerações, talvez seja o momento de incorporar o universo dos games à estratégia de desenvolvimento humano. Pense nos processos que hoje são cansativos ou pouco envolventes e avalie como eles poderiam se tornar jornadas mais interativas e dinâmicas. Um único jogo, ou até uma simples mecânica inspirada em jogos, pode ser o ponto de partida para transformar a experiência corporativa.
