COP30: avanços, limites e o que o Pacote de Belém revela sobre o futuro climático global

COP30

A COP30 marcou um momento crucial da diplomacia climática global e colocou a Amazônia, pela primeira vez, como palco central das negociações internacionais. Além disso, o encontro reuniu representantes de 195 países em Belém (PA) e resultou no chamado Pacote de Belém, um conjunto de decisões que busca aproximar a agenda climática da vida concreta das pessoas.
Nesse contexto, as discussões evidenciaram tanto avanços estruturais quanto limites políticos que ainda travam compromissos essenciais sobre desmatamento e combustíveis fósseis.

O Pacote de Belém e os primeiros impasses

A conferência trouxe decisões relevantes, mas também mostrou onde o consenso global ainda não é possível. Apesar da força simbólica de ocorrer no coração da Amazônia, a COP30 não conseguiu definir um roteiro global para encerrar o desmatamento.
Além disso, tampouco houve acordo sobre um compromisso claro de eliminação gradual dos combustíveis fósseis, tema considerado sensível por países produtores de petróleo e grandes emissores, como Arábia Saudita, Rússia, Índia e China.

Consequentemente, parte das discussões sobre transição energética e proteção florestal tende a avançar fora do mecanismo oficial da ONU, por meio de coalizões paralelas, acordos setoriais e iniciativas diretas entre países.

Financiamento climático e proteção das florestas: onde houve maior avanço

A COP30 apresentou resultados sólidos em financiamento climático e conservação florestal.
O maior destaque foi o lançamento do Tropical Forests Forever Facility (TFFF), que saiu de Belém com quase US$ 7 bilhões em promessas iniciais. A meta é chegar a US$ 25 bilhões em recursos públicos e US$ 100 bilhões privados, destinando 20% diretamente a povos indígenas e comunidades locais.

Além disso, houve anúncios importantes, como:

  • cerca de US$ 1,8 bilhão para garantir direitos fundiários indígenas;
  • US$ 2,5 bilhões para conservação das florestas da Bacia do Congo;
  • novas iniciativas em bioeconomia amazônica;
  • expansão dos mercados jurisdicionais de carbono (JREDD+).

Dessa forma, a COP30 reforçou que a proteção das florestas tropicais é estratégica para limitar o aquecimento global e para fortalecer a justiça climática.

Adaptação ganha protagonismo e novos mecanismos globais

Outro eixo de avanço foi o financiamento para adaptação, tema historicamente subfinanciado nas COPs anteriores. Os países concordaram em triplicar os recursos globais de adaptação até 2035 e criaram o Global Implementation Accelerator, mecanismo que acompanhará a implementação de metas e apoiará projetos concretos, com relatórios previstos até a COP31.

Também foram lançados planos temáticos, como o Belém Health Action Plan, primeiro plano internacional de adaptação focado especificamente em saúde. Assim, sistemas de saúde devem se preparar melhor para ondas de calor, enchentes, secas e outros eventos extremos.

Empresas e cadeias de suprimentos: clima como fator de risco e competitividade

A COP30 também mostrou que o setor privado já entende que clima, risco e competitividade estão profundamente conectados. Nesse sentido, empresas de alimentos, energia, finanças e tecnologia estiveram presentes em peso nos debates.

Líderes corporativos enfatizaram que a crise climática pressiona cadeias de suprimentos e modelos de negócio.
O diretor global de sustentabilidade da PepsiCo, por exemplo, destacou que o sistema alimentar mundial está sob forte pressão e que garantir cadeias agrícolas resilientes deixou de ser apenas responsabilidade socioambiental e passou a ser uma questão de sobrevivência estratégica.

Em outras palavras, a transição climática já impacta preços, abastecimento e riscos operacionais.

Avanços relevantes, lacunas importantes

Em síntese, a COP30 consolidou o Brasil e a Amazônia como centro estratégico da diplomacia climática e entregou avanços concretos em financiamento, florestas, adaptação e reconhecimento de direitos.
No entanto, deixou lacunas significativas em temas considerados essenciais para o futuro climático global, como a eliminação gradual dos combustíveis fósseis e a definição de metas mais duras e vinculantes para zerar o desmatamento.

Por isso, o Pacote de Belém representa um passo importante, mas ainda insuficiente, dentro de uma corrida climática que exige mais rapidez e mais ambição.

Em um cenário em que clima, risco e gestão caminham juntos, aprofundar a leitura dos impactos da COP30 sobre negócios, pessoas e governança pode ser um diferencial estratégico.
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