O colapso das antigas regras da energia mundial

A nova ordem energética global e guerra por talentos está redefinindo o equilíbrio de poder e a forma como empresas competem por profissionais estratégicos.
Durante 70 anos, acreditamos em uma ilusão: a de que contratos de longo prazo e interdependência comercial garantiam estabilidade geopolítica.
Essa crença ruiu em 2022, quando a Europa, epicentro da indústria química e energética, viu os gasodutos Nord Stream serem sabotados e sua dependência do gás russo evaporar de um dia para o outro.
A Alemanha, até então sustentando uma indústria de €500 bilhões sobre o “gás barato de Putin”, no entanto, descobriu o custo real de depender de premissas erradas: €800 bilhões foram queimados em 18 meses para substituir o insubstituível.
Como consequência, o resultado foi uma tripla fratura estrutural:
- Fratura física: infraestrutura energética rompida;
- Fratura contratual: cancelamento de acordos históricos;
- Fratura de confiança: o fim da interdependência “racional” entre Europa e Rússia.
O milagre europeu e o nascimento do “darwinismo institucional”

Em tempo recorde, a Europa substituiu 105 bilhões de metros cúbicos de gás russo.
O segredo?
Velocidade, autonomia e talentos excepcionais.
Projetos que levariam uma década foram concluídos em menos de dois anos.
Isso só foi possível porque governos criaram task forces de elite, pagaram salários competitivos, eliminaram burocracias e confiaram em pessoas com mandato real para decidir e entregar.
O que parecia impossível tornou-se viável. E a lição é brutal:
“A diferença entre o impossível e o feito em 18 meses está nas pessoas excepcionais com autonomia para agir.”
O pivô asiático e o novo mapa do poder energético

Enquanto a Europa se reinventava, a Rússia girava para o Oriente.
O gasoduto Power of Siberia abastece a China, a Índia emergiu como segundo maior comprador de petróleo russo e uma Eurásia energeticamente integrada começa a se consolidar, sem o Ocidente.
Três mudanças estruturais definem essa nova ordem:
- A Ásia absorve o que a Europa rejeita, garantindo oferta sem trauma;
- A Rússia aceita papel secundário na parceria com a China, uma inversão geopolítica inédita;
- A Índia se torna o novo swing buyer global, comprando barato e revendendo refinado.
Esse realinhamento está moldando não apenas rotas de energia, mas também o fluxo global de talentos técnicos e estratégicos.
A corrida por minerais críticos e o gargalo invisível da transição energética
A transição para energia limpa criou uma dependência de minerais estratégicos, lítio, cobalto, níquel, grafita e terras raras.
Um único carro elétrico consome dezenas de quilos desses insumos, e o mundo projeta 300 milhões de veículos elétricos até 2030.
Esse poder mineral está concentrado:
- Lítio: Austrália, Chile e China (que refina 70%);
- Cobalto: 70% na RD Congo, com 80% do refino na China;
- Terras raras e grafita: China domina produção e refino.
- Nióbio: 90% mundial no Brasil.
O problema é claro: o Ocidente acordou tarde e agora corre para redesenhar cadeias de suprimento dominadas pela China.
Nesse cenário, profissionais com conhecimento em geologia, regulação e geopolítica energética se tornaram recurso escasso e estratégico.
O Brasil no centro da disputa global por talentos

O Brasil possui ativos únicos, nióbio, lítio e potencial em hidrogênio verde, mas ainda enfrenta o dilema da retenção de talentos.
Engenheiros brasileiros estão sendo contratados por companhias do Oriente Médio com pacotes de até US$180 mil por ano, mais benefícios integrais.
Enquanto isso, empresas nacionais ainda hesitam em oferecer incentivos competitivos e planos de carreira estruturados.
O resultado é previsível: fuga de cérebros e dependência crescente de consultorias e know-how estrangeiros.
A pergunta é inevitável:
Se a Rússia, sob sanções, substituiu 40% de seus talentos técnicos em dois anos, por que o Brasil, sem restrições, com universidades de ponta, ainda não consegue reter os seus melhores?
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A verdadeira soberania energética é a soberania do conhecimento
A geopolítica da energia mudou em apenas mil dias.
E a guerra agora é por competência técnica e velocidade institucional.
Empresas e governos que mantiverem estruturas lentas e hierarquizadas serão atropelados pela transição.
O que diferencia vencedores é a capacidade de:
- Delegar poder real a decisores;
- Atrelar incentivos à entrega, não à senioridade;
- Cultivar o propósito nacional, a motivação de “mudar o país, não apenas planilhas”.
Nos próximos 10 anos, o Brasil precisará:
- Integrar 100+ GW de renováveis;
- Estruturar o mercado de hidrogênio verde;
- Definir políticas claras para minerais críticos;
- Negociar interconexões regionais.
Quem vai fazer isso?
Os talentos que ficarem ou os que já estão sendo contratados por concorrentes globais?
O tempo da decisão é agora
A nova ordem energética global está em curso.
A disputa não é mais apenas por petróleo, gás ou minerais, mas por cérebros capazes de conectar energia, tecnologia e geopolítica.
Empresas e instituições brasileiras que quiserem competir precisarão criar ambientes de decisão ágeis, planos de carreira atrativos e políticas de valorização do conhecimento técnico.
Porque o futuro não será dos mais fortes, será dos mais rápidos em reter o que é crítico.
O futuro da energia não será definido apenas por tecnologia, mas por quem souber desenvolver e reter o conhecimento técnico que move essa transformação.
Se a nova ordem energética é também uma guerra invisível por talentos, o maior ativo de uma organização passa a ser a velocidade com que ela identifica, valoriza e capacita seus especialistas críticos.
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