Uma pesquisa do Linkedin Talent Solutions mostra que a retenção de talentos tornou-se a principal prioridade dos profissionais de recursos humanos. O levantamento, realizado com 3.894 recrutadores de todo o mundo, aponta que esse problema foi mencionado por 42% dos entrevistados. De acordo com outro estudo, denominado as 1.000 Maiores Empresas Brasileiras, feito pela consultoria Gestão e RH, mostra que, para 92,4% dos entrevistados, o reconhecimento é o fator mais importante para se reter talentos nas empresas. Isso mostra que, na prática, a qualificação dos profissionais tornou-se requisito obrigatório no mercado atual.
Em entrevista ao Portal Dedução, o administrador de empresas Ivan Jacomassi Junior, diretor de negócios e consultor junto a Perfix Consultoria Organizacional, afirma que só o diploma de graduação não basta para o mercado atual, extremamente competitivo e dinâmico. Além disso, o especialista, que desenvolveu trabalhos de apoio e ampliação da atividade empreendedora em parceria com Sebrae/SP, desenvolvendo projetos e benchmarking em importantes municípios, como São Paulo, Campinas, Santos e mais de outras 30 cidades, explica as diferenças entre os vários tipos de treinamento e desenvolvimento de pessoas para alavancar os negócios.
A qualificação dos profissionais se tornou requisito obrigatório no mercado atual. Dessa forma, o treinamento e desenvolvimento de pessoas são primordiais para o sucesso de uma organização?
O mercado atual onde as empresas estão inseridas é extremamente competitivo e dinâmico, desta forma, as organizações precisam se adaptar e aprimorar suas estratégicas constantemente. Considerando que a atuação mercadológica das empresas é executada por seus colaboradores, estes também precisam estar atualizados em relação às melhores práticas inerentes as funções sob sua responsabilidade, de forma a proporcionar vantagem competitiva e consequentemente melhores oportunidades de sucesso para suas empresas.
Entre os principais tipos de treinamentos e desenvolvimento de pessoas, quais merecem mais destaque?
Sem dúvida estão em evidência, no atual momento, ações de desenvolvimento comportamental.
No que consiste o treinamento comportamental? Por que ele existe?
Quando pensamos em desenvolvimento temos diversas possibilidades, sendo que a maioria das pessoas pensa somente em aspectos cognitivos, mas estes já não são suficientes para criar diferenciais competitivos. Hoje as empresas precisam essencialmente desenvolver comportamentos desejáveis, que são atitudes ligadas às competências organizacionais capazes de levar a empresa à cumprir sua missão e atingir sua visão, além de realizar o planejamento estratégico respeitando seus valores e contribuindo para o fortalecimento da cultura organizacional.
O treinamento e desenvolvimento de pessoas, na maioria das vezes, são feitos em grupo?
Dependerá muito dos objetivos propostos, assim como do perfil dos indivíduos. A maioria das ações de desenvolvimento são realizadas em grupo, mas quando temos necessidades muito específicas envolvendo aspectos onde o colaborador possui dificuldade em desenvolver-se, podemos lançar mão de atividades individuais. Também devemos considerar o nível hierárquico e o programa de trabalho, é muito comum profissionais de alta responsabilidade serem submetidos a processos personalizados.
De que forma a Contabilidade pode ajudar o departamento de RH no treinamento de uma equipe?
A atuação em conjunto com a área contábil, ou qualquer outro departamento da empresa irá depender primeiramente dos objetivos do programa de treinamento. Com os objetivos e metas alinhados a área contábil pode contribuir enormemente fornecendo subsídios para construção dos conteúdos.
Como alinhar os treinamentos comportamentais com as expectativas da empresa?
As expectativas da empresa são sempre pautadas em sua missão, visão e valores, além de seu plano estratégico de atuação. Pois bem, o ponto de partida para definição das competências e comportamentos desejáveis é sempre a partir deste eixo, ou seja, a razão de existir da empresa, suas metas e crenças, a área de RH sempre deve atuar a partir destes pressupostos na construção da cultura organizacional.
Em sua opinião, antes de provocar uma mudança comportamental, é necessário realizar uma análise das competências, qualidades e defeitos a serem trabalhadas seguindo o caráter de cada empregado?
Sem dúvida, o indivíduo é nosso ponto de partida e precisa ter suas características respeitadas. É importante compreender não somente as peculiaridades do colaborador, mas também o contexto em que o mesmo está inserido, os fatores que geram seus pontos fracos e quais podem contribuir para potencializar ou fomentar aquilo que precisamos desenvolver junto ao mesmo.
O que uma empresa que deseja introduzir a abordagem comportamental deve fazer?
Primeiramente deve ter clareza de que estamos lidando com pessoas, e não com máquinas. O maior erro das empresas que falham neste processo é achar que podem atuar mecanicamente em seu RH e obter resultados consistentes. Colaboradores não se comportam como máquinas em experimentos, onde podemos replicar ações indefinidamente com resultados sempre iguais. Na Perfix nós trabalhamos através de “ondas” ou ciclos, onde gradualmente buscamos acumular qualidade e desenvolver comportamentos desejáveis, na construção de uma cultura cada vez mais próspera e alinhada as necessidades da empresa.
Qual sua opinião sobre o treinamento de lideranças? Um líder já nasce com esse perfil ou é necessário treiná-lo para a função?
Escolas ou academias de líderes são cada vez mais comuns em empresas a partir de 100 colaboradores. A liderança é peça chave, pois corresponde a um grupo interno responsável por todos os resultados da organização. Evidentemente existem pessoas que já chegam com perfil de liderança bastante desenvolvido, mas independente do maior ou menor grau de desenvolvimento, sempre podemos agregar competências ao líder.
O treinamento e desenvolvimento de pessoas vêm crescendo via Ensino a Distância – EaD. É mais adequado fazer esse tipo de atividade presencialmente?
Precisamos sempre buscar entender as necessidades e perfis de formação. A ferramenta EAD é fantástica, mas como todo recurso tem pontos fortes e fracos, precisando ter sua utilização bem planejada. Treinamentos essencialmente técnicos e teóricos podem ser realizados com grande sucesso via EAD, entretanto, quando abordamos temas comportamentais é preciso ter certo grau de reserva. Podemos disseminar conceitos via EAD, mas atuar diretamente nas rotinas e imprimir novas marcas de atitude depreendem ações presenciais, às vezes mesmo individuais, algo que esta tecnologia não pode realizar.
Entrevista realizada por: Danielle Ruas – Publicada originalmente no Portal Dedução