Não devemos ter pânico, nem indiferença
Até mesmo áreas de RH experientes e consideradas “estruturadas” ainda estão em dúvida sobre como atuar em relação às ações envolvendo o coronavírus, pois ainda faltam informações objetivas e úteis sobre a temática, além da já comum polarização de debates na sociedade brasileira, com grupos defendendo que “a economia não pode parar” (que pode levar à inanição quanto a prevenção, cenário perfeito para que o vírus leve o sistema de saúde ao caos) ou que “a pandemia precisa de medidas extremas” (que pode levar à uma pandemia econômica, igualmente mortal).
O RH exerce um papel fundamental neste processo, pois deve atuar como norteador e orientador das ações institucionais nas empresas, ações estas que devem estar alinhadas e serem colaborativas para o movimento de saúde pública voltado à prevenção e contenção do vírus COVID-19, procurando simultaneamente preservar, ao máximo, a capacidade de produção e o trabalho das áreas.
Quanto ao coronavírus, alguns fatos precisam ser assumidos como elementos norteadores das ações de RH:
- O coronavírus, em qualquer cenário (conservador ou arrojado), possui uma taxa percentual de pacientes que terão agravamento de seu quadro e necessitarão de hospitalização, em nível mais grave UTI (o valor provável até o momento pode girar em torno de 1%).
- Neste caso temos uma meta óbvia, que é conter ao máximo o número total de infectados, pois se estivermos falando de mil casos, serão 10 leitos necessários, mas se tivermos hum milhão de casos, precisaremos de 10.000 leitos (atualmente existem 14,8 mil leitos de UTI para adultos disponíveis no SUS, sendo que 14 mil (95%) estão ocupados, segundo a Associação de Medicina Intensiva Brasileira).
- Pode parecer simples, mas o impacto das ações de contenção da interação social são enormes no cenário de curto e médio prazos, pois considerando a velocidade de propagação do vírus (provavelmente cada infectado transmita para 2,5 pessoas em condições normais), temos neste protocolo uma maneira eficaz de reduzir a intensidade do pico da curva de infectados e, principalmente, a velocidade de ascensão desta curva (e por consequência o total de leitos demandados simultaneamente), dando tempo ao sistema de saúde para se organizar e também para que medidas mais efetivas de tratamento e prevenção (como vacinas) surjam e criem condições de neutralizarmos a ameaça.
Portanto, estamos falando em proteger nossos amigos e familiares sem destruir nossa economia.
O RH precisa implementar nas empresas protocolos em vários níveis com agilidade e contundência:
- Para atividades que somente podem ser executadas de forma local, os colaboradores precisam ser orientados e sensibilizados a evitar o toque físico em cumprimentos e interações.
- Devem ser disponibilizados recursos profiláticos, como álcool em gel e o hábito de lavar as mãos precisa ser reforçado, pois o contato com gotículas contaminadas e as mucosas é a principal forma de absorção do vírus.
- Deve haver orientação para que colaboradores com sintomas semelhantes aos da gripe fiquem em casa e só procurem atendimento médico em caso de piora do quadro.
- Para atividades que podem ser realizadas à distância, recomenda-se a implementação de programas de home office, para que o trabalho não seja interrompido e simultaneamente colabore para a não proliferação da doença.
- Para aqueles que possuem dúvidas sobre como gerenciar um programa de home office, lançamos um e-book gratuito sobre o tema, clique aqui para baixá-lo.
- Se possível, colaboradores idosos e imunodeprimidos devem ser preservados ao máximo de contatos desnecessários.
- Deve haver um processo de comunicação, sensibilização e esclarecimento permanente dos colaboradores, pois o meio termo entre o pânico e a indiferença está na consciência, que só pode surgir quando temos informações claras e transparentes.
- O RH precisa considerar que seus colaboradores serão bombardeados com informações desencontradas de todos os tipos, vindas da internet, WhatsApp, e-mail, etc.
- Desta forma, é importante prestar esclarecimento permanente e orientação, para mantermos a serenidade e agirmos com maturidade e resiliência.
Sabemos que esta fase é passageira, precisamos superar duas ameaças (vírus e recessão), e neste sentido as organizações nunca precisaram tanto de RH`s maduros e profissionais. Certamente levaremos grandes aprendizados deste processo e sairemos da batalha ainda maiores e melhores do que quando entramos.